São 23h15min. Eu me pergunto, o que quer dizer “Feliz Aniversário”? Daqui a pouco eu vou ter alguns scraps pra ler… os meus amigos as pessoas que eu conheço vão me desejar “Feliz Aniversário”, no Twitter, Orkut, MSN. Por e-mail. Não, não por e-mail, talvez não cheguem a tanto. Será que quer dizer que, nas próximas 24 horas, durante o TAL DIA especial, eles desejam que eu seja feliz?
Feliz Aniversário! Felicidades! Tudo de Bom, que todos os seus sonhos se realizem.
Frio. Bem frio. Eu odeio fazer aniversário, eu sei que não parece este ano, porque estou organizando de encontrar meus amigos, mas ano passado eu me lembro de como fiquei. Um caco. Também, eu odiava a minha vida. Ano passado eu pensei: Tenho 22 anos. Se eu vou morrer com 80, significa que vou viver nessa droga por mais 58 anos. Queria só morrer antes então.
Claro que hoje não é assim… Eu quero viver muito, mas ainda bate uma melancolia na véspera. Dessa vez é por causa da frieza. Da falta de contato, da falta de abraço, de beijo. De amigos. Eu queria ter relações mais profundas com meus amigos, mas estou sem tempo, todo mundo quando cresce fica sem tempo pra jogar fora com os amigos? Não deveria ser assim. Eu queria a minha melhor amiga de volta e passar o dia com ela, como a gente fez quando eu completei 16 anos. Eu quero aquelas rosas vermelhas, apaixonadas de quando eu fiz 15 anos. Quero um balão, uma viagem, um abraço gostoso como o do Miguel, ele me desejava o bem com tanta sinceridade. Ah! O sorriso da Taiane. Quero receber uma carta, escrita com batom e papel higiênico do Aeroporto de New York que a Taiane me enviou no aniversário de 15 anos. Não quero o “Feliz Aniversário” superficial que eu sei que vou receber daqui a pouco.
Droga, eu sempre choro na véspera. Mas não tem como não amar esse passado. Esse negócio de ter que trabalhar pra ganhar dinheiro é uma droga. Morar longe dos amigos é pior ainda. Estar longe de quem se gosta é um saco. Eu não estou com muitas coisas a meu favor né? Eu sei que muita gente valoriza, em primeiro lugar, o trabalho, os estudos. Eu não consigo, eu não sou ninguém se não tiver cercada de pessoas, se eu não estiver perto de quem eu gosto, entro em colapso. Eu estou em colapso.
Quero surpresas. Presentes. Eu amo ganhar presentes. De qualquer tipo. Não gosto, na verdade, dos caros. Mas isso é uma (mais uma) bobeira minha. Gosto de cartões, bilhetes, cartas. Eles podem servir muito bem de presentes, eu posso até chorar se ganhar um desses! idiotice, sim. Minha idiotice. Qualquer coisa além de um Scrap, além de um SMS. E-mail. Qualquer coisa que já não esteja escrita em algum lugar, qualquer coisa que já tenha sido dita por outra pessoa. Qualquer coisa que tenha sido feita pra mim.
Eu sempre quero demais… Espero demais de todo mundo. Espero que sejam como eu. Tratamento personalizado. O certo é dar sem esperar nada em troca… Será? Será que existe “o certo”? O certo é tentar ser feliz, e eu preciso de contato pra isso. Mais que palavras. Eu to decepcionada com o mundo que ficou tão frio, justamente por causa daquilo que eu tanto falo, que eu tanto prezo, que eu tanto uso: a Internet e sua mania de se comunicar com um clique. Não existe abraço virtual, beijo virtual. Não existe Feliz Aniversário virtual quando a distância permite um abraço. Eu não acredito em um Feliz Aniversário desses. Desculpa.
23h52min
Ransom Notes keep falling at your mouth
Hide and Seek – Imogen Heap
Mid-sweet talk, newspaper word cut outs
Speak no feeling no i don’t believe you
You don’t care a bit, you don’t care a bit