Se as estrelas soubessem como são lindas, morreriam mais vezes e, de preferência, da pior forma possível! Aí sim é um espetáculo.
Dessa vez não pularemos dentro de um desenho pintado de giz no chão. Vamos sair da nossa galáxia, sentar em alguma Anã Banca e observar de longe uma Nebulosa formar outra estrela! Calma, você já vai entender.
Eu tenho três céus decorados na minha mente. A primeira vez que vi um céu estrelado de verdade eu estava em Saquarema, carnaval de algum ano por volta de 95. Acabou a luz, calor dos infernos, eu deitada na rede da varanda, olhei o céu sem acreditar: — Pai, então as estrelas são assim? Me lembro claramente dessa pergunta.
Segunda vez foi dia 3 de março de 2003. Viajei para o interior do Espírito Santo pra conhecer uma fazenda de Café. Quando eu digo interior, é interior mesmo. Na casa onde fiquei hospedada não tinha energia elétrica, fogão, camas, nada! Era feita de barro, os batentes das portas e janelas de madeira, bem artesanais, pintados de azul. Sem grades, muro ou portão. Era uma completa roça e foram adoráveis os dias que passei lá. Olhar pela janela de noite parecia coisa de filme… As estrelas tinham um rastro em volta delas! E eram de todas as cores. Bom.. “de todas as cores” fica por conta da minha imaginação. As estrelas são apenas azuis, amarelas e vermelhas.
A terceira foi no carnaval de 2010 em Muriqui. Mais uma vez, por falta de luz, a vida me permitiu ver o céu estrelado. Nunca um céu barrou o de Espírito Santo, mas também vi com imensa felicidade.
Nesses três casos, eu tiro duas conclusões: Primeiro que não dá pra ver a real beleza das estrelas de onde estamos hoje, confortáveis. Para ver estrelas é necessário fugir do certo e enfrentar o lugar escuro. O problema é que a escuridão não é nossa praia, porque só temos referências ruins. Pode significar o abandono, a morte, a solidão. A perda dos sonhos, objetivos frustrados, metas que não alcançamos nunca. O escuro pode significar qualquer situação não favorável. Mas não há outro jeito, somente ali que conseguimos realmente ver as estrelas.
Segundo, há de se considerar que, uma vez no escuro, as estrelas não brotam na sua frente. É preciso abrir a janela ou sair e olhar o céu. Então, além de ter que superar a uma situação ruim, para ver as estrelas é preciso se mover. A melhor parte é que a recompensa é 100% garantida. Se você está num lugar escuro, submeta-se a enfrentar a escuridão, encontre uma frestinha e dali você vai ver as estrelas mais perfeitas. Não tem erro.
Se a escuridão são as situações não favoráveis, então as estrelas seriam as soluções, as novas perspectivas, a força, o ponto de apoio… Qualquer forma de se manter vivo no escuro, qualquer chance de não desistir.
Agora que materializamos as soluções em forma de estrelas, podemos partir para a segunda parte da nossa viagem. Como são fabricadas as estrelas soluções?
Pra começar, as estrelas são formadas em alguma região bem tensa da tal “Nebulosa”. Nebulosa é uma mistura de gases (praticamente Hidrogênio e Hélio). Quando eu digo TENSA é porque tem gases demais e a força gravitacional é muito alta, aí a temperatura vai aumentando, aumentando e Plóft!, nasce uma estrela. Sim! É efeito de uma explosão de combustível no meio do nada.
Lição nº 1. As soluções estrelas nascem por causa de uma confusão (gases demais e a força gravitacional muito alta). Ao mesmo tempo que o conflito é gerado, também gerada a estrela solução. Então não se preocupe, se existe o problema, já existe a solução.
Agora temos uma estrela recém nascida. Vamos dar um nome pra ela? Não, ainda não está na hora do nome. Primeiro ela deve se desenvolver. E como isso acontece? Os gases continuam queimando no interior (núcleo) da estrela e ela já produz elementos novos como Lítio, ou Ferro. O equilíbrio da estrela é a gravidade e a pressão. Como assim equilíbrio? A força da gravidade faz com que os gases se mantenham presos no seu núcleo, para nada dar errado enquanto estes mesmos gases estão queimando e se desenvolvendo devido à pressão. Isso faz com que a massa (tamanho) e a densidade (peso) da estrela aumentem.
Lição nº 2. A solução estrela possui elementos suficientes para se desenvolver. Basta que haja uma força externa que a empurre bastante e que haja pressão. Nas condições mais difíceis, as soluções se fortalecem. Sem os obstáculos da pressão, sem o empurrão, a estrela não teria condições de crescer e morreria antes da hora.
É, filhinho, aceite o fato, não tomamos atitudes se não estivermos sentindo dor e sendo pressionados. A dor é pro nosso bem, nos faz crescer e querer mudar. Bom, neste caso, pra ser aplicado direitinho, quem cresce e se desenvolve são as nossas soluções. Progredimos por tabela.
Bom, as lições acabaram. Mas se você quiser continuar entendendo das estrelas, vou falar do seu tamanho depois que se desenvolvem e a sua morte.
Uma estrela pode ter um centésimo de diâmetro do sol ou ser mil vezes maior que isso. O tamanho do sol é, mais ou menos, cem vezes a Terra. Agora nossa estrela tem um nome: Gigante Vermelha. Só por curiosidade, o dia que o SOL virar uma Gigante Vermelha, então Mercúrio, Vênus e a Terra serão engolidos por ele!
O fim da vida de uma estrela é decidido por sua massa. Ser for pequena (até oito vezes o tamanho do sol), vai se esfriando até virar uma Anã Branca. Em volta da Anã Branca ficam alguns novos gases flutuando que dão um efeito lindo no céu. Este já é um final bonito!
Mas tem outro final. O grand finale. Quando a estrela é grande (maior que oito vezes o sol) é porque ela produziu o elemento Ferro. Para produzir ferro gasta-se MUITA energia, então ela pode ser “sugada” do nada. Simplesmente se esfriar de tanta energia que gastou pra produção do Ferro. Em questão de horas o núcleo da estrela vira puro ferro. Sem a combustão que rolava anteriormente, a pressão em volta da estrela cai – você se lembra que era a pressão e a gravidade que davam equilíbrio? – e a estrela se quebra em vários pedaços. Estes pedaços quicam no ferro (o novo núcleo) e se espalham em altíssima velocidade pelo espaço. Esta confusão é a morte da estrela, chamada de Super nova. A confusão gera novos gases que geram mais nebulosas, que geram mais estrelas e por aí o universo continua.
O núcleo de Ferro não fica lá vagando. A Super nova é um grand finale pra mim já que por causa dela e seu núcleo de ferro surgem os buracos negros. Se for um núcleo de ferro bem grande vira Buraco Negro, se for menor viram estrelas de nêutrons. Mais um lindo efeito no céu! Os rastros coloridos… Aqui abaixo vemos faróis vagando pelo céu.