A minha espera é impaciente. É dramática como o amante que implora numa carta pra que seu bem maior volte logo. Eu espero como uma criança entediada estragando o sapado novo e dando-lhe marcas de esforço sem dó.
Eu espero como quem espera pela inspiração _ ouvindo música e estasiada; sabendo que quando chegar a hora será do jeito mais bonito. Eu espero colhendo as flores que vejo à minha frente, e também vestidos rodados e até o vento no cabelo.
A minha espera é a luz das sete na janela. A luz impositiva que atravessa a copa das árvores e os dedos; ou a luz tênue que irrita os olhos por entre os cabelos. Aquela luz que nem chega a esquentar meu rosto como quando rubro em sua lembrança.
E nunca é noite. Eu não vejo sombras enquanto te espero acordar.