Qualquer palavra minha sobre Roma seria… monossilábica. Eu que gosto de falar no simples – o simples fácil de ser confundido com simplório -, eu que gosto de resumir – não por falar pouco, mas por minimizar – não poderia falar de Roma. Não poderia, mas vou tentar do meu jeito.
Roma é imensamente viva. As suas ruelas são como veias que alimentam um gigante antigo. Sempre vivo. Conheci o outono vermelho de Amsterdam, laranja de Bruxelas e o amarelo de Berlim, mas Roma não tem outono. A natureza apenas para diante da cidade histórica, diante do – ainda que seja cliché dizer – berço da civilização ocidental. As folhas, se caem, fazem sem emitir o menor som; fazem sem alterar o cenário de cores. Em Roma a obra de Deus para e se inibe diante das obras dos homens.
Roma é grandiosa, em proporções exuberantes. Não saberia dizer se porque seus arquitetos não tinham ideia da imensidão das suas obras, ou se lá – há bem mais de 2 mil anos – importava apenas ser magnífico. Roma é tão grandiosa que não caberia dentro de um museu, ou vinte, ou cem. Por isso toda a cidade é um grande museu a céu aberto, gratuito pra ser lido e conhecido “em pessoa”.
Assim como a natureza se inibe em Roma, a cidade moderna tenta a todo custo se esconder em uma herança grega com uma mistura de romantismo. A iluminação das ruas é baixa – quase inexistente – porque importa que a história seja personagem principal. As escadas, fachadas, interiores, lojas, bares, restaurantes, seguem a arquitetura clássica da Roma antiga.
Cúpulas, arcos, templos, basílicas, praças, teatros… colosseu. Colossal. Tudo, absolutamente muito maior do que se pode imaginar: em peso, em medida, em grau, em história, em arquitetura, na representação da humanidade.