Amor próprio
Estar sozinho obriga a gente a se amar porque não tem mais ninguém pra fazer isso por você. É um dos grandes truques da solidão e o que nos assusta tanto. Um dia tinha alguém do seu lado e no outro só sobrou você. — Quem vai me amar agora? — A gente se pergunta olhando no espelho por um tempo, encarando a resposta, mas não enxerga. Até o dia que não tem outra saída…
Se amando a gente finalmente se cuida. Normalmente começamos por fora. É uma experiência que vem capenga, vai ficando menos difícil com o tempo e um dia se torna, no mínimo, interessante. Mas a solidão também dá tempo de sobra pra gente olhar pra dentro. O que é mais difícil de encarar: o tempo de ócio introspectivo. Muita gente tem medo de si mesmo e não quer nem saber o que tem por dentro. Até o dia que não tem outra saída!
E assim o cultivo do amor próprio segue, seja por opção ou imposição.
Quando a gente finalmente se cuida e se enxerga, outras pessoas olham pra gente e entendem o motivo porque nos amamos tanto. E elas podem até gostar do que estão vendo e querer amar também. Mas quando a gente se ama, entendemos melhor aquilo que merecemos, ficamos mais seletivos e encaramos a fase da conquista de uma forma mais afinada: aquela pessoa pra te “ter” vai ter que chegar muito perto do seu maior admirador.
Se amar serve pra você voltar a se olhar no espelho pra reconhecer que precisa de alguém que esteja à sua altura, alguém que pode te dar aquilo que você se daria. Agora sim estamos prontos. Quando você perceber não estará mais sozinho e, no processo, você ainda aprendeu a amar a pessoa mais importante da sua vida.
Olha que louco entender onde podemos chegar apenas superando a solidão! Parece menos assustador agora? Realmente estar só não mata e não faz o mundo acabar.
e o (amor) do outro
Se a gente finalmente encontra um alguém que é o que merecemos, então tentamos retribuir porque, obviamente, não queremos perder. Reciprocidade é muito subestimado, mas é o que eu mais admiro num relacionamento. — Você não precisa me dar o mundo todo, me dê o quanto eu te dou do meu.
Não é fácil amar alguém do jeito que a pessoa merece. Às vezes a gente simplesmente não tem o que precisa, na essência, e isso não se muda. Outras vezes só é necessário esforço e dedicação pra ajustar algumas peças, e vale muito a pena. E tem os casos raros que flui como se fosse o certo, e não porque têm pessoas que são fáceis de amar, mas sim porque você se encaixa. Isso é tão raro que chega ser utópico.
Chegamos em uma trifurcação: ou você torna isso recíproco e ama a pessoa que te ama do jeito que ela merece, ou ela desiste e você volta a ficar só… Ou ainda, quem sabe, a pessoa não desiste e fica, mas acaba por não ser tão feliz e realizada quanto você é. Afinal, não é todo mundo que sabe o que merece.
Ser adulto é realmente analisar a vida antes de dar o próximo passo, e não simplesmente sair por aí vivendo, desperdiçando o presente e atrasando o melhor futuro. Saber se amar e valorizar o seu tempo é definitivamente coisa de adulto.
God, tell us the reason youth is wasted on the young.
Lost Stars – Adam Levine