sobre

Eu escrevo sobre o que me consome. Sobre o que me dói, me rasga por dentro e não me deixa resistir. A respeito da felicidade eu prefiro vivê-la. Prometo que tenho muita felicidade, inclusive, mas não me lerás feliz. A felicidade eu vivo, não escrevo. Se te preocupas que fiquem então as lacunas como avisos de que estou feliz.

Eu escrevo porque gosto de olhar pra os momentos de tristeza e, distante, lembrar que são só momentos. Alguns eu cultivei pelo propósito da inspiração, outros talvez estivesse realmente em uma prisão.

Uma das características mais marcantes dos meus contos é que nunca saberás em que estação eu me perdi. Tudo culpa desta mistura de passado e futuro, verdade e mentira que sustento na mesma frase. Fica o dito-pelo-não-dito e eu nunca sei, de verdade, se disse que te amo ou que me esqueci. Este suspense não é uma técnica de linguagem, garanto. Em parte eu realmente não sinto a diferença entre passado e presente enquanto escrevo e em outra parte eu realmente não sei se eu te amo. Não quer dizer que eu não queria te contar a verdade, só que eu estou constantemente com medo de nos enganar sem querer.

Eu, apenas, não, sei.

Eu já estive certa de algo que nunca disse e já tive dúvidas e, ainda assim, falei muitas vezes.

Polyanna Almeida

Para procurar digite enter e para fechar ESC