Às vezes eu tenho uma crise de futuro (também um dos reais motivos porque eu não gosto de assistir romances), onde me sinto completamente incapaz de olhar pra alguém, largar um sorriso, deixar marejar os olhos e dizer: “eu não consigo viver sem você”. Acho lindo, mas, gente, se tem uma coisa (pelo menos uma) que eu aprendi na vida é que eu consigo viver sem quem eu quiser. Ser emocionalmente independente é ótimo! Mas tem esse lado…
Já perdi a minha oportunidade na vida de viver o sofrimento sem causa (sem causa, digo, por amor). Eu vivo minhas aventuras, eu choramingo, eu vou embora por medo, peço carinho, peço atenção, dou carinho, faço amor (ou sexo, sei lá) e pode ser a pessoa mais perfeita… quando ela for embora vai ficar tudo bem depois de 15 dias.
Ele disse que agora meus sentimentos são razão, que tudo que eu fazia por ele parecia ato mecânico de executar as tarefas do dia no raciocínio de que aquilo seria o melhor pra mim. Eu concordei, mas pensei lá no fundo (me perdoe, mas pensei): _ Isso porque é você. Um dia vou estar com alguém que vai me levar pela emoção, que vai me fazer querer coisas estúpidas, que vai me tirar o controle. _ Gente, cadê? Não, eu me enganei. Agora eu sou mesmo essa pessoa cheia de razão.
Eu sei gostar, eu sei me apaixonar, eu sei até amar (apesar de achar que amor não existe, mas vou me ater ao assunto principal). Eu sei os ingredientes da namorada perfeita e me arrisco, sem hesitar, que sei os ingredientes da esposa perfeita. Nota: Sei os ingredientes, não significa que gosto deles ou que sigo eles. Não tenho medo de ficar só com uma pessoa pro resto da vida, tanto quanto não tenho medo de ficar sozinha, apenas não gostaria da segunda opção. Eu acredito em pra sempre, mas também acredito em felicidade depois que um pra sempre acaba mal. Tudo muito bem raciocinado.
Diferente do que os filmes que eu detesto pregam, o meu cara não vai ser o alguém que faz meu coração disparar, e que me tira o sono, que me faz atrasar os projetos, gastar mais dinheiro do que tenho, que me faz pensar num flash mob de declaração de amor. Não vou mudar o corte de cabelo ou a cor porque ele pediu, nem tatuar o nome dele nas costas. Mas vá, eu poderia comprar escondido ingressos pro show da banda que ele gosta, passaria tardes inteiras tentando cozinhar uma comida qualquer que ele escolhesse (não se for frutos do mar ou qualquer outra coisa que eu não goste como carne seca). Esse é meu auge da paixão: detalhes. É legal ter alguém que dá vontade de fazer coisas pequenas. É legal ter alguém que faz as coisas pequenas parecerem grandes feitos.
Talvez tudo termine com alguém com quem eu me sinta confortável, pra ser quem eu gosto de ser e fazer junto o que eu gosto de fazer. Por escolha, jamais por necessidade. Alguém que me encha de orgulho e que me olhe daquele jeito como se tivesse tirado a sorte grande. (Ok, isso pode ser pedir demais, mas seria lindo e lírico). Alguém que concorde em assinar as mesmas revistas e ouvir alto as mesmas músicas (a minha casa vai ter som em todos os cômodos, então música tem que ser algo previamente acertado) e alguém com quem eu possa chegar num consenso sobre qual cor podemos pintar a sala sem causar náusea pra nenhum dos dois. Alguém com quem eu queria ter filhos e aí entra compatibilidade no quesito educação, educação religiosa e, claro, um bom DNA. Tesão é fundamental. Dizem que tesão acaba com o tempo, mas eu não acredito nisso (e é pauta pra outra discussão, mas posso adiantar que acho de verdade que se você gosta de alguém você quer foder com essa pessoa e ponto). Tem que ter tesão. Muito. Ah, e alguém que tenha a mesma índole que eu e a mesma ideia sobre o que é respeito, lealdade e fidelidade, óbvio. E põe mais uma pitadinha de tesão só pra ter certeza.
Fórmulas. Acredite, mesmo que encontrasse esse alguém que pensa igualzinho a mim, mesmo que me apaixonasse por ele, mesmo que fizesse por ele até as pequenas coisas… Repito: eu seria completamente incapaz de olhar, largar um sorriso, deixar marejar os olhos e dizer: “eu não consigo viver sem você”. Eu poderia dizer, no máximo: “Você, como homem, preenche os requisitos (ou a maioria deles) que eu estabeleci como compatíveis; e te considero capaz de me proporcionar felicidade, como mulher, e um futuro estável, como família.”
É preciso romantizar o pra sempre? Quanto de sentimento é o bastante, e quanto de apenas certeza é o bastante?