Eu me sinto usada, me sinto apenas hóspede, espectadora dentro do meu próprio corpo. Tudo que penso, sinto, falo é afetado pelos hormônios em alta que passeiam pelo meu sangue, ou células, sei lá, sei que eu detesto ser usada.
Me dá vontade de falar aquele monte de besteiras que, pra minha sorte, sem poder falar, eu escrevo. Me dá vontade de comer aquele monte de Nutella que, pro meu azar, eu nunca tenho disponível…
E tem ainda aquilo tudo que eu choro durante a noite, sobre todas as coisas que eu não fiz e quero fazer, todas as coisas que eu queria ouvir e não ouço… Tudo que não se pede, nem se fala…
Uma mulher em dias normais pode lutar, não sem dificuldade, contra aquela menina interior que perturba os caras com seus problemas e suas dúvidas, mas uma mulher com TPM tem que se ocupar escorregando num tambogã de gilete e caindo numa piscina de álcool pra tentar não pensar em pular no pescoço do boy e falar tudo o que ela pensa. Não se fala tudo o que pensa… Nem tudo é adequado, TPM me faz inadequada.
Eu choro desesperadamente por todas as coisas inadequadas que eu penso em falar e as coisas inadequadas que eu penso que quero, até perceber que eu quero é… nada, ou tudo? _ Eu não sei o que eu quero! _ Daí do meio desse borbulhão de pensamentos sem sentido vem o questionamento: que dia é hoje mesmo?
TPM faz eu me sentir idiota demais. Eu já sinto ao extremo, eu já quero ao extremo, eu já sou ao extremo. Eu já espero ao extremo. Não mereço essa elevada potência de sentimentos :( porque meu retorno já é pequeno ao natural, imagine… Imagine na TPM o quanto eu me sinto usada, descartada e incapaz de despertar um sentimento de apego, de posse, de qualquer coisa que me puxasse pra perto dele,
pra valer.
Sabe qual a boa notícia? Em 2 dias isso passa e vai tudo voltar ao normal. Meu jeito normal de ter esperança, sem chorar.