E por falar na sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida… E por falar em todo amor que houver nessa vida… O universo me surpreende.
Eu estaria satisfeita com pouco, e já disse que estaria satisfeita até com boa intenções. Tentaria dar um jeito de me virar com palavras, mesmo que as mais frequentes fossem: “Eu quis, mas desculpa, não deu”. Eu fecharia os olhos para os mais absurdos defeitos, se enxergasse em algum canto, amor e vontade. Estive disposta a receber tão pouco e dar meu melhor, só porque aprendi com a vida que a gente dá o melhor pra poder olhar pra dentro e se sentir melhor, independente do que o outro faz por merecer. E isso custaria um preço, o que eu estava disposta a pagar. Só que o cosmos quis diferente, sussurrou no meu ouvido, repetidas vezes, a frase que eu odeio: “Você merece o melhor”. Mas o contexto é diferente agora.
Eu virei a esquina correndo, coração partido deixei guardado em casa, até que tropecei nos meus próprios passos e caí no chão atropelando o cara que vinha andando na outra direção, já feliz e muito satisfeito com a sua vida.
Dava pra ver pelo meu estado, então ele gentilmente não perguntou nada, só passou a me ligar pra contar piadas em troca de sorriso. Um dia ele me disse que, com o tempo, descobriu que eu sou como a panela de fazer arroz que ele ganhou quando saiu de casa: “Eu não sabia que precisava dela até ter”, e completou, “Eu acho que você é muita areia pro meu caminhão, mas quer saber? Não estou nem aí, não vou desperdiçar a chance. Eu dou um jeito de ser o melhor”.
Mal sabe ele que é o melhor homem que eu já conheci. Não que isso seja uma disputa de classificação de 0 a 10 que eu dou para os homens que eu conheço. Ele é apenas o melhor homem que já conheci absolutamente. Eu passo três horas por dia pensando no que pode haver de errado nele e não encontro nada relevante. Eu que bati o pé, fiz meninice, reclamei dos dois únicos caras que eu quis na vida e que disseram “tchau” seguido de “você merece o melhor”, hoje devo a eles a minha eterna gratidão. Eterna gratidão deve ser pouco. Se eu ganhasse na loteria daria meu prêmio, sem desconto. Se algum deles precisar de um fígado ou rim, eu dou. Tamanha a minha felicidade e compreensão do motivo deles terem saído da minha vida.
Falando em felicidade, sabe a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida? Estou começando a descobrir o sabor…