Eu não sei nada sobre o que é certo ou errado na vida, mas uma coisa eu sei, quem eu sou. E normalmente eu amo, ocasionalmente detesto. E hoje, eu detesto como lido com as pessoas e os meus sonhos.
Eu conheci uma menina que não tinha muitos sonhos, mas cada pessoa importante que passava em sua vida, ela construía pequenos sonhos em volta deste alguém. E eu achava isso o cúmulo da falta de personalidade. Da falta de ser próprio. Se era uma amiga saidinha e baladeira, ela batia com viagens pro litoral e compras. Se era um namorado esportista e zen, ela aparecia com desejos intensos de fazer viagens ao centro da terra pra curtir meditações. Ok, até hoje ainda acho isso muito estranho, PORÉM, um dia, ela parou com um cara, namorou, se casou e hoje vive um sonho lindo que ela construiu em volta desse cara. Talvez ela só estivesse se descobrindo, não há nada de errado em experimentar. Ninguém deve ser julgado por isso, eu estava errada sobre ela. Eu estava muito errada.
Eu não saía por aí falando que o meu jeito era o certo, mas eu pensava isso. Talvez eu não achasse que eu tinha as respostas, mas eu tinha certeza que a daquela pessoa, ou da outra, era errada.
Eu não construo sonhos em volta de pessoas, eu construo pessoas em volta dos meus sonhos. Eu não sei qual é o certo, mas hoje eu tenho certeza que este é o jeito errado. E se não existe isso de “jeito errado”, este então é o caminho mais longo. Mas não é de propósito. Acontece.
Cada mês, cada ano meus sonhos foram tomando forma e proporção, a ponto de eu já poder imaginar cada detalhe da minha vida, como eu gostaria que fosse no futuro. A casa dos sonhos, a viagem dos sonhos, a aliança de noivado dos sonhos. Que namorado aguenta com isso? Não digo aguentar a pressão de um compromisso sério por se tratar de sonhos muito “pra toda vida”, eu digo aguentar o fato dele não fazer parte de nada disso, de certa forma. Hoje, analisando, me parece tão superficial a relação da pessoa com o sonho, quase como se o modelo da aliança fosse mais importante que a pessoa que vai me dar. Tem como isso estar certo? Não tem…
Então, é claro, evidente que o sonho não é mais importante que a pessoa, mas o sonho estava ali antes, e sou independente, individualista demais pra abrir mão. Eu sou essa pessoa inteira, nunca me senti metade de nada, metade da laranja, jamais. Sempre fui inteira. Não digo inteira no sentido de não precisar de ninguém, mas no sentido de saber e poder construir sonhos, do início ao fim, sozinha. Eu prefiro não estar sozinha, eu tenho medo de escuro, de barulho de noite, tenho medo de andar de avião, medo de altura. Tudo isso é mais fácil superar segurando a mão de alguém, mas como pessoa, eu sou inteira.
Eu acho complicado você se relacionar com uma metade-pessoa. Generalizado e estereotipando, gente que foi criada pela avó ou muito mimada pelos pais, gente que não sabe decidir as coisas, que não sabe o que quer, porque quer, quando quer, não sabe o que precisa pra viver. E se a resposta for “preciso de você”, nossa, o mundo desabada pra mim. Este seria O grande exemplo de fragmento de pessoa.
Eu não sei ser menos que inteira, mas talvez isto seja um grande defeito e não tenha absolutamente nada a ver com ser uma grande pessoa.
Eu acho bobo quando escrevo um texto sem final, sem conclusão… Este é um deles, é só esse parênteses aberto sobre quem sou eu e sei lá quando ou se eu vou fechar.