Estes dias eu pensei muito no maldito “e se…”. Tudo começa com a praga do Quase (leia o post anterior). Depois que você não consegue ir até o final, deixa todos os seus planos fracassados jogados no fundo do armário, tranca porta e vira as costas. Você nem se acha covarde… No fundo diz que “o universo conspirou contra”. E então lá se foi a Quase felicidade.
Eu, como uma romântica incurável, posso dizer que foi um Quase amor, um Quase relacionamento saudável, um Quase perdão, um Quase beijo na frente da porta do ônibus… Mas, obviamente, esse Quase serve para a Quase entrevista de emprego, o Quase amigo que você cativou, a Quase confiança que você depositou em alguém, o Quase concurso que você participou. Só depende do seu grau de BURRICE! O céu é o limite. Antes de desistir, tente MUITO porque se você não tentar e acabar no Quase… Você vai entrar no “E se…” e é aí que começa a história.
Passou um tempo, você abriu a porta do armário e encontrou as possibilidades, as fotografias, os formulários, os cupons não preenchidos… Pronto! O fantasma do “E se…”. — E se eu tivesse tentado? Eu passaria? Se eu tivesse dito, ele aceitaria? Se eu tivesse perdoado, a gente seria feliz? E se eu tivesse escrito, ligado, chamado, gritado, dito a verdade, ela iria embora? Ela estaria casada? Ele teria desistido?
Está aí um problema que eu não tenho mais. Tenho orgulho ZERO. Meu problema é outro, eu quebro a cara bonito. Mas passa. Um mês, sei lá, até eu entender que não vai dar certo MESMO e desistir. Mas quem vive no “E se…” sofre desse mal por quanto tempo? Um ano? Cinco anos? Às vezes a vida inteira.
Arrependimento pelo que não se fez, eu suponho ser o pior tipo. Fato que eu não sou nenhuma especialista pra falar sobre a vida, é opinião própria e só. Vai de cada um continuar tendo ou não medo das repostas, das portas fechadas, das escadas sem degraus, do abismo com ponte invisível… pois é assim que as alternativas se colocam à nossa frente, por isso temos tanto medo e preferimos não tentar.
Mas então, “Quase” e “E se…” são problemas mundiais. Fazer o quê se você já caiu neles? Bola pra frente, esquece! Deixa pra lá, já era! Eu estou safo com isso agora, mas é óbvio que eu tive o meu Quase. Quase fui feliz com quem eu amava muito porque tive medinho.
Eu tive medo de te magoar de novo
“Tua certeza” de 24/07/2008
E o fiz no mesmo instante.
Tive medo de fugir de novo
E fugi assim que pude.
Então.. o tempo passou e eu fiquei no “E se eu não tivesse medo?”. Pronto, estraguei tudo. A merda já estava feita e o “e se…” me CEGOU. Eu não conseguia ver mais a felicidade a minha frente, eu só via no passado.
Passou, passou, não volta mais. Se rolou o Quase, não caia no “e se…” e simplesmente na próxima vez, não deixe chegar no Quase.
Existe felicidade a sua frente, olhar pra trás não vai te trazer NADA de volta. Existem novos empregos, novas pessoas, novos destinos. Você pode até pensar “Mas nenhum destino será tão bom quanto aquele”, CONVERSA! Você não conhece tudo, não conhece o mundo todo, não sabe o que te espera. Não sabe o que vai acontecer daqui a um segundo, como pode pensar que o que você deixou de viver seria o ápice da sua vida? Definitivamente esse é o post menos romântico que eu já escrevi… Eu também sei ser realista, é que eu prefiro não ser. Mas tem situações em que não adianta insistir, você precisa seguir em frente.
Isto me lembra O Pequeno Príncipe. Vou resumir de forma bem tosca esse romance de Saint Exupery: É a história de um menino que vivia em um planeta onde, do nada, nasceu uma rosa cheia de defeitos. Orgulhosa, mentirosa e muito metida. Ele não sabia lidar com ela, não conseguia entendê-la, então resolveu fugir dela. Ele partiu numa viagem por outros planetas e a deixou sozinha. A rosa, super orgulhosa, também não demonstrou que não queria que ele fosse embora. O livro conta um pouco dos planetas por onde o Príncipe passou até chegar na Terra; quando, numa conversa com a famosa Raposa, o ele entende finalmente o que é a amizade. O menino percebe que os defeitos da sua rosa não diminuíam o amor que ele sentia por ela, nem mesmo o fato dela ser mentirosa. A rosa havia dito que era única no mundo e ele viu que havia milhares de rosas na Terra! Mas então, mesmo estando perto de todas aquelas rosas, como ele podia sentir falta de uma só? Foi quando percebeu que, de fato, ela era única e especial. Os dias e meses se passaram e ele retornou ao seu planeta. O livro simplesmente acaba sem contar se encontrou a rosa viva ou morta. A coitada precisava de cuidados e esteve sozinha por um ano. A vida de uma rosa é tão curta… Então fica dependendo da imaginação de cada um concluir se ele a encontrou com vida ou não.
É uma história bem triste… E se ele não tivesse ido embora? Teria vivido o tempo certo com a sua rosa. Não seria eterno, porque a rosa precisaria morrer um dia, mas teria sido uma história. E já que não foi assim, como será que ele reagiu quando chegou lá e a encontrou morta? Será que quis se matar também? Será que fechou seu coração e não quis mais conversar com nenhuma rosa?
Termine tudo o que começou. Esses “e se” abertos podem fazer você ver nuvens na frente dos seus olhos. Já vai ser o terceiro erro, o de não enxergar os novos destinos. Não desista da felicidade por um erro que já passou, olhe só pra frente ;)
Life
Caught by the river – Dove
You know it can’t be so easy
But you can’t just leave it
Cause you’re not in control no more
Would you give it all away?