Tudo o que não é amor

O meu amor não me machuca, só me faz te querer o bem, te querer feliz. O meu desejo é o que me consome, não me deixa dormir, comer e ler. Porque amor não entristece, não adoece, não maltrata. Amor não grita e não implora. É o apego e a carência que destroem a alma. É a dependência emocional que coloca o ser adorado acima do amor próprio, como uma droga. Amor de verdade não vicia, não mata. Amor é o que cura.

Eu não fico triste de amor ou dependência, é só saudade. Do pouco que a gente fez e o tanto de coisas que a gente só imaginou. Eu choro de vontade de te fazer feliz com as minhas próprias mãos. E isso também não é amor. É minha arrogância que sabe que eu sou a pessoa que te faz se sentir completo. É a minha prepotência que acredita que eu te faria ir mais longe, pra alcançar coisas que nem você imagina ser capaz. Isso não tem nada de amor.

A real é que eu queria estar te cobrindo de beijos, de um carinho simples e longo, de tesão, de piadas sem graça, de noites em claro, de viagens de carro pelas costas. De “bom dia”s com amor, de dançar até amanhecer. Queria que a gente fosse o antagônico do tédio. Dois seres que andam a mil e ainda assim podem ficar parados juntos por um milênio. Eu queria destruir a nossa casa todos os dias, deixar a TV ligada mas nunca conseguir assistir nada, te ver encarar meu rosto, minha boca naturalmente em chamas, meu corpo todo, minha cor e os detalhes que você adora. Queria poder ouvir todos os dias que eu sou o que você quer pra você. Queria ouvir música dentro do peito e sentir o calor absurdo que meu corpo produz quando estou contigo, como se morasse dentro de mim um sol que é só seu.

Mas nada disso é amor em sua essência. É tudo vaidade de um amor romântico.

O amor genuíno é o que me faz ficar distante pra deixar você viver a sua vida em paz e ser feliz do jeito que você quer. Não importa se eu acho mediano, é o que você escolheu e ponto. Amar também é ir embora. É não sufocar com responsabilidade, com culpa e com todas essas palavras, não importa o quão bonitas eu acredite que elas sejam.

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